Capacitação da 1ª turma de Língua Brasileira de Sinais (Libras) na UPA João XXIII
A UPA João XXIII, em Santa Cruz, acaba de formar a sua 1ª turma de Língua Brasileira de Sinais (Libras), ampliando a acessibilidade da unidade, e tornando o atendimento a pacientes com deficiência auditiva mais eficiente e acolhedor. A capacitação dos profissionais da unidade em Língua de Sinais é uma parceria com o Programa de Mestrado e Doutorado Acadêmico da Universidade Federal Fluminense (UFF).
O programa – pioneiro no atendimento em saúde pública – faz parte do Projeto Lean, no qual os gestores das unidades e suas equipes assistenciais e administrativas contribuem para uma mudança de cultura interna nas Unidades de Pronto Atendimento. Um dos nomes por trás do planejamento do Lean para unidades de saúde no Rio é o coordenador do doutorado na UFF, Robisom Calado, que fez a entrega dos certificados da capacitação aos profissionais da João XXIII.
– Pela primeira vez esse projeto é colocado em prática. Essa inciativa veio pelo Carlos Carvalho, candidato de doutorado na UFF no Programa de Ciência, Tecnologia e Inclusão. Meu foco de trabalho é o Lean Healthcare, já aplicado em algumas UPAs e o Carlos veio pesquisar a acessibilidade a surdos, que tem tudo a ver com a proposta do Lean – explica Calado.
A parceria entre a UPA e a UFF
A implantação do projeto de capacitação em Libras é resultado de uma parceria com a UFF, que possui um programa de doutorado com foco em acessibilidade. A UPA, que buscava mais investimento em acessibilidade se tornou, então, o espaço ideal para a implantação do projeto pioneiro. A gerente da unidade, Priscilla Mattos, fala dessa parceria.
– Nós sempre tivemos a preocupação com acessibilidade na unidade. Desde rampas de acesso, depois pulseiras de identificação para pessoas com autismo, para que recebessem um atendimento diferenciado, e agora essa capacitação. E já deu resultado: tivemos casos recentes em que o paciente era surdo e nos comunicamos em Libras, oferecendo um atendimento muito mais humanizado – conta Priscilla.
Carlos Carvalho, professor de Libras que capacitou os profissionais da unidade, fez dessa ação o seu projeto de doutorado. A implantação e os resultados obtidos na UPA estarão na sua tese. Essa capacitação faz parte de um projeto maior, o Lean, que busca melhorias no fluxo de atendimento.
Uma das ferramentas do Lean, por exemplo, é o Huddle, uma reunião diária rápida, de cerca de 10 minutos de toda a equipe, com foco em prioridades a serem resolvidas.
Carlos comentou sobre essa parceria inovadora com foco na acessibilidade de pessoas surdas.
– O Lean chegou nas UPAs por conta desse foco em humanização, no cuidado com o outro. A comunidade surda vem desde 2002, quando o ensino de Libras tornou-se lei, lutando pelo seu espaço. E aqui conseguimos implantar essa prática – destaca ele.
Importante destacar que o grupo atual, já formado, não vai acabar. Uma vez por semana, acontecerão encontros para manutenção do aprendizado em Libras. Calado também comentou os resultados dessa parceria.
– Quando a gente usa a ciência a favor das pessoas, tudo melhora. A UPA de Santa Cruz é a pioneira de uma iniciativa que deve alcançar outras unidades. É nossa obrigação servir ao outro – explica Calado. Já são 1.770 melhorias registradas no Lean, 100 UPAs atendidas, não só no Rio. E agora com mais essa contribuição, da acessibilidade aos surdos.
A perspectiva é que novas unidades também recebam o curso de Libras.
