
No Brasil, milhões de pessoas convivem com o diabetes – muitas sem saber. A doença, que pode se desenvolver silenciosamente por anos, é uma das principais causas de infartos, derrames, insuficiência renal e amputações. Em alusão ao Dia Nacional do Diabetes, celebrado nesta quinta-feira (26), a médica endocrinologista Andrea Mendes, do Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, faz um alerta: é preciso estar atento aos sinais do corpo e adotar hábitos de vida mais saudáveis.
“O diabetes tipo 2 pode não apresentar sintomas por muito tempo. Quando a pessoa descobre, muitas vezes já existem complicações em órgãos como coração, rins, olhos ou nervos”, afirma Andrea, que atua na rede municipal de saúde há cinco anos e soma mais de duas décadas de experiência na área.
Tipos de diabetes e fatores de risco
Segundo a médica, o diabetes é uma doença crônica que provoca o aumento da glicose no sangue, geralmente causado por falhas na produção ou no uso da insulina pelo organismo. Os tipos mais comuns são:
- Tipo 1, de origem autoimune, geralmente diagnosticado na infância;
- Tipo 2, mais frequente em adultos e relacionado ao sedentarismo, à obesidade e ao histórico familiar;
- Gestacional, que aparece durante a gravidez;
- E formas menos comuns, causadas por medicamentos ou alterações genéticas.
Entre os fatores de risco para o tipo 2, estão o excesso de peso (principalmente na região abdominal), sedentarismo, hipertensão, colesterol elevado, histórico familiar e idade acima de 45 anos. “Mulheres que tiveram diabetes gestacional ou filhos com mais de quatro quilos também devem ficar atentas”, destaca Andrea.
Sintomas e diagnóstico
Sede excessiva, vontade frequente de urinar, perda de peso sem motivo, cansaço, visão embaçada e infecções de repetição podem indicar a presença da doença. Em casos mais graves, especialmente no tipo 1, o primeiro sinal pode ser uma emergência médica, como a cetoacidose diabética.
Por isso, a recomendação é que pessoas com fatores de risco façam exames de rotina, como a glicemia de jejum e a hemoglobina glicada, pelo menos uma vez por ano. “O diagnóstico precoce é fundamental para evitar complicações irreversíveis”, reforça a endocrinologista.
Prevenção e tratamento
A boa notícia é que o diabetes tipo 2 pode ser prevenido — e o pré-diabetes, revertido — com mudanças no estilo de vida. “A perda de 7% do peso corporal e a prática de pelo menos 150 minutos semanais de atividade física já fazem diferença”, explica Andrea. Manter uma alimentação equilibrada, evitar alimentos ultraprocessados, não fumar e controlar o estresse também ajudam a reduzir o risco da doença.
Quando o diagnóstico é confirmado, o tratamento pode incluir medicamentos orais, insulina e mudanças nos hábitos diários. O controle da glicemia, alimentação, prática regular de exercícios e acompanhamento médico são pilares da qualidade de vida. “É possível viver bem com diabetes, mas o cuidado precisa ser contínuo”, afirma.
Tratamento gratuito pelo SUS
O Sistema Único de Saúde (SUS) garante o acesso gratuito a medicamentos e insumos como insulina, metformina, glicosímetros, tiras reagentes, seringas e agulhas. O tratamento é conduzido, por meio do acompanhamento contínuo, de equipes multiprofissionais. “O SUS oferece o suporte necessário para o controle da doença, desde o diagnóstico até o tratamento contínuo”, diz Andrea. Além disso, a Farmácia Popular disponibiliza gratuitamente diversos medicamentos para controle do diabetes.

O aposentado Mauro Carvalho de Mello, de 65 anos, morador de Campo Grande, é um dos pacientes atendidos na rede municipal. Ele descobriu o diabetes após apresentar sintomas e realizar exames de rotina. Com forte histórico familiar da doença, Mauro passou a enfrentar o desafio de se adaptar à nova realidade.
“Não me causou grande surpresa, porque minha avó, minha mãe e minha irmã faleceram por complicações do diabetes. A Dra. Andrea foi um anjo que apareceu em minha vida. Não é fácil seguir corretamente os procedimentos e dietas; requer força de vontade, perseverança e principalmente reeducação alimentar”, relata.
Segundo ele, o comprometimento com o tratamento trouxe resultados positivos. “Na minha última consulta, apresentei exames com índices muito bons. Recebi elogios e até um abraço! A Dra. Andrea é uma profissional excelente. Ainda não tinha conhecido uma médica com a dedicação como a dela.”
Neste Dia Nacional do Diabetes, a recomendação da especialista é clara: busque informação, mantenha os exames em dia e adote hábitos mais saudáveis. “O diabetes é uma doença grave, mas que pode ser controlada”, conclui Andrea Mendes.
Jornalista: Erika Junger
Foto: Emy Lobo