
No Dia do Professor, celebrado em 15 de outubro, a RioSaúde homenageia não apenas os docentes de sala de aula, mas também os preceptores — profissionais que têm papel central na formação de residentes, estagiários e jovens profissionais dentro das unidades de saúde, além de serem fundamentais na capacitação contínua das equipes.
Referência em alta complexidade e ensino multiprofissional, a Divisão de Ensino e Pesquisa do Hospital Municipal Ronaldo Gazolla (HMRG) coordena programas que unem teoria, prática e humanização do cuidado. A unidade recebe anualmente residentes médicos, multiprofissionais e estudantes de diferentes universidades parceiras, oferecendo um ambiente real de aprendizagem dentro do SUS. O programa combina atividades teóricas — como seminários, discussões de caso e aulas semanais.
A gestora Danielle Furtado, responsável pela Divisão, diz que os preceptores são professores em campo, guiando o aprendizado diretamente na rotina hospitalar. “O professor tem a missão de orientar o futuro profissional para muito além da técnica. Cada residência tem duração de dois a três anos, dependendo da área. Os residentes cumprem uma carga horária definida, que alterna entre prática assistencial e atividades acadêmicas. Eles são avaliados continuamente por meio de relatórios, provas teóricas e desempenho prático”, explica Danielle.
O papel dos preceptores
Hospitais de referência como o Gazolla cumprem uma função essencial de ensino no SUS. A médica Lúcia Helena Vasconcelos, coordenadora da Comissão de Residência Médica do HMRG, destaca a importância dessa atuação. “O preceptor é um professor dentro do hospital. Ele recebe médicos recém-formados e os ajuda a se qualificar, em um processo que é muito mais prático do que teórico. Já o professor acadêmico lida com estudantes que ainda estão na graduação. Essa diferença de público define também a forma de ensinar. Aqui no Gazolla, o preceptor prepara o jovem médico para enfrentar a realidade do SUS e a responsabilidade de cuidar da vida das pessoas”, explica.
Ela ressalta que a complexidade do atendimento exige preparo não apenas técnico, mas também humano. “Os maiores desafios estão na realidade social dos nossos pacientes. Muitos chegam em situações precárias, com doenças agravadas por falta de prevenção e dificuldades socioeconômicas. O SUS garante o suporte farmacológico e assistencial, mas as condições de vida ainda impactam muito o cuidado. Por isso, formar profissionais que entendam esse contexto é fundamental”, afirma Lúcia.

Formação contínua
Além de formar novos profissionais, o Gazolla mantém programas de Educação Permanente, que garantem atualização constante para médicos, enfermeiros, técnicos e demais trabalhadores da saúde. Para Lélio de Lima, professor de Enfermagem da equipe de Educação Permanente, esse é um dos maiores diferenciais do hospital. “O professor preceptor é um elo vital. Ele sintetiza teoria aplicada à beira leito, prática humanizada e domínio das inovações tecnológicas do hospital. Nosso papel é preparar os profissionais para atuar de forma multidisciplinar e qualificada, sempre com foco no cuidado ao paciente”, afirma.
Ele lembra que a missão não se encerra na formação inicial. “O Gazolla é o maior hospital de terapia intensiva da América Latina, com uma estrutura gigante e tecnologias de ponta. Integrar equipes multidisciplinares nesse cenário é um desafio enorme, mas essencial para manter a qualidade da assistência. A diferença do preceptor em relação ao professor acadêmico tradicional é justamente estar ao lado do aluno no cotidiano, construindo a prática à beira do leito”, completa.
Resultados e impacto
A vivência no hospital transforma a formação e tem reflexos diretos na assistência. Segundo Lúcia Vasconcelos, a interação entre ensino e prática melhora a segurança dos pacientes e a qualidade do atendimento. “Os residentes não são mão de obra, são parte da qualificação do cuidado. Eles trazem novas perspectivas e se tornam elementos transformadores da realidade dos pacientes. Muitos, inclusive, permanecem no Gazolla após a formação, o que fortalece ainda mais nossa rede”, acredita.
Lélio de Lima reforça que essa integração beneficia toda a equipe. “Os residentes são ávidos por conhecimento, o que nos estimula a estarmos sempre atualizados. Essa troca contínua cria um ambiente de aprendizado mútuo, que resulta em protocolos mais assertivos, condutas seguras e um cuidado mais humano. A técnica é essencial, mas nunca suficiente. Cada procedimento precisa considerar a pessoa por trás do leito”, afirma.
Ensino que transforma
Mais do que um centro de referência em assistência, o HMRG se consolida como hospital de ensino. O aprendizado não se limita às salas de aula ou auditórios, mas se estende aos corredores, aos leitos e às discussões de casos clínicos. Assim, o Gazolla reafirma sua vocação de formar profissionais preparados para os desafios do SUS, unindo excelência no atendimento à missão de ensinar e transformar o futuro da saúde pública.
Jornalista: Erika Junger