
A técnica de enfermagem Carla Bittar, de 52 anos, costuma trocar o jaleco branco pela fantasia nesta época do ano. Sempre que chega o carnaval, a profissional da saúde costuma se dividir entre os corredores da UPA Magalhães Bastos, onde dá expediente, e as quadras de samba. Mais precisamente a da Portela, onde ocupa também o posto de diretora do Departamento Feminino.
Servidora da saúde há mais de três décadas, a profissional garante que se dedica ao atendimento da população com o mesmo amor e entrega que o faz quando está desfilando na Sapucaí e no bloco Cacique de Ramos, um dos mais tradicionais do carnaval carioca.
— O samba faz parte de mim, eu cresci nesse universo. Minha tia-avó era baiana e também auxiliar de enfermagem, meus tios também estavam sempre envolvidos (com o samba), então foi um caminho natural. E quando eu vi, minha vida já pulsava no ritmo do surdo e da bateria”, conta a técnica de enfermagem e sambista.
A relação da profissional da saúde com o samba começou cedo. Aos 19 anos, fez sua estreia na Sapucaí como destaque de um carro alegórico assinado pelo icônico Clóvis Bornay. De lá para cá, são 33 anos desfilando pela Azul e Branca de Oswaldo Cruz e Madureira e mais cerca de 20 anos no Cacique de Ramos.

Moradora de Bento Ribeiro, na Zona Norte, Carla, que é empregada da RioSaúde, equilibra a rotina intensa dos plantões com a preparação para os desfiles.
— O atendimento na saúde pública exige dedicação e amor, assim como o carnaval. No SUS, a gente acolhe, cuida e se doa para o outro. No samba, a gente vive e emociona. São dois mundos que parecem diferentes, mas que na verdade têm muito em comum — diz.
A paixão pela área de saúde e pelo carnaval atravessa gerações. A filha caçula de Carla seguiu o mesmo caminho da mãe, tornando-se técnica de enfermagem e passista da Portela.
— A gente cuida da saúde das pessoas e também faz a alegria delas na avenida. Quem ama o que faz vive intensamente, seja no plantão ou sambando na Sapucaí —afirma.
Jornalista: Ricardo Rigel