
O Hospital Municipal Ronaldo Gazolla (HMRG) realizou, nesta quarta-feira (29/11), o I Simpósio de Cuidados Paliativos, para uma valiosa troca de conhecimentos sobre as práticas assistenciais em pacientes terminais ou em estágio avançado de determinada enfermidade.
O evento, que reuniu no auditório da unidade cerca de 150 profissionais da saúde e representantes de comunidades de paliativismo, contou com três mesas de debates com renomados palestrantes, moderadores e convidados que trocaram experiências e apresentaram cases reais sobre o tema, contribuindo para uma compreensão mais profunda do assunto.
O serviço de cuidados paliativos no Gazolla conta com 12 leitos, equipe multidisciplinar, definição do plano de cuidado, visita estendida, acolhimento aos pacientes e familiares, suporte do Comitê de Bioética, entre outras ações. Durante o encontro, a presidente da Comissão de Cuidados Paliativos da unidade, Mariana Beger, apresentou um balanço dos últimos seis meses do CTI Paliativo e o perfil dos internados:
– De maio a outubro, tivemos um total de 198 pacientes acolhidos. Entre as principais doenças que requerem cuidados paliativos estão as neurológicas (51%), oncológicas (17%), cardíacas (8%) e respiratórias (6,6%). Já a faixa etária predominante é de 60 a 79 anos (50%), seguido dos acima de 80 anos (35,3%), 40 a 59 anos (11,1%) e 18 a 39 anos (3,5%) – explicou, reforçando que o Gazolla tem o compromisso de promover uma assistência digna e humanizada, principalmente para aqueles que estão nos últimos momentos da vida.

Ao longo do dia de Simpósio, foram debatidas questões diversas como os cuidados paliativos na abordagem hospitalar e nas comunidades compassivas, espiritualidade e terminalidade, a dor e o controle de sintomas, nutrição e hidratação no fim da vida, o processo de envelhecimento e o impacto na saúde, as vivências na rotina diária do paliativo e a tomada de decisões médicas, entre outras.
O evento contou com a participação de especialistas como Alcio Braz (médico psiquiatra e antropólogo), Jeane Juver (médica, professora e coordenadora da Clínica da Dor do Hospital Unimed- Rio), Alexandre Ernesto (enfermeiro paliativista e idealizador do Projeto Comunidades Compassivas), Lívia Coelho (médica geriatra e paliativista) e Ana Claudia Gomez (nutricionista do ambulatório de oncologia do Hospital Marcos Moraes), além de Ana Claudia Quintana (médica geriatra, escritora e ativista da Cultura do Cuidado), que parabenizou o hospital:
– Fico muito feliz de estar hoje neste hospital cujo o caminho é se tornar referência em cuidados paliativos. Todo hospital precisa ter o que o Gazolla tem, uma Comissão de Cuidados Paliativos e de Bioética, porque é o cuidado paliativo que vai prever o alívio de sofrimento daquele indivíduo. Ele não acaba com a dor, mas a gente cuida de forma diferente desse sofrimento para que esses pacientes vivenciem a finitude da vida de maneira mais digna – ressaltou.

Ao abordar o tema “Espiritualidade e terminalidade”, Alcio Braz destacou que trabalhar com cuidados paliativos é vivenciar um momento único do paciente, que tem sua própria história e que precisa ser respeitada:
– O profissional da saúde que trabalha com paliativo precisa ter paciência para ouvir o desespero, fazer papel de escuta e acolhimento. É tratar com respeito alguém que está no fim da vida e ser presença para que ele se sinta importante naquele momento. É fazer o possível para que ele parta da melhor maneira e que, ao final, a família se sinta grata – disse.
Durante as palestras, também foi abordado o trabalho do Programa de Atenção Domiciliar ao Idoso (Padi) da Prefeitura do Rio, além do oferecido nas comunidades compassivas, ampliando o acesso dos profissionais de saúde envolvidos com cuidados paliativos a locais de precariedade nas favelas, com cenários que muitas vezes impossibilitam o deslocamento do paciente debilitado para atendimento em uma clínica ou hospital.
Jornalista: Juliana Romar