
O Hospital Municipal Rocha Faria (HMRF), em Campo Grande, teve um aumento de 60% nas doações de leite materno nos últimos três meses, ampliando ainda mais o apoio a recém-nascidos prematuros e/ou de baixo peso na sua maternidade. O resultado é fruto de uma parceria do hospital com mais de dez unidades de saúde da região, que adaptaram salas para receber as doações das puérperas.
Por trás deste trabalho, está uma equipe formada por profissionais do HMRF, as Amigas do Leite. Uma vez por semana, elas buscam as doações nas unidades parceiras para o banco de leite Maria Leonor Inocêncio Soares, do Rocha Faria, que vêm alimentando, por dia, de oito a 10 crianças internadas na UTI neonatal. Um total de cerca de 30 litros de leite por mês são consumidos pelos bebês.
A iniciativa reduziu em 90% o consumo de leite industrializado pelos recém-nascidos do hospital. Esse foi um dos fatores que levou o Rocha Faria a se tornar a primeira unidade da rede de saúde do Rio de Janeiro a ser credenciada com o título de Hospital Amigo da Criança, recém-renovado.
A gerente de nutrição e responsável técnica do banco de leite do Rocha Faria, Patrícia Meirelles Alves, comemora o aumento das doações.
– Tivemos um aumento de seis a oito litros de leite por mês. Precisamos continuar estimulando a lactação mesmo longe dos nossos filhos. Meu pedido é que as mulheres que podem doar se envolvam nesta causa, doem amor, doem alimento, porque há crianças precisando – afirma Patrícia.
Além dos postos de recolhimento, as Amigas do Leite fazem coleta domiciliar de leite duas vezes por semana. O hospital faz uma ficha de cadastro das doadoras, avalia seus exames laboratoriais e, se estiverem aptas a doar, fornece a elas o kit de doação, com um frasco de vidro com tampa plástica, máscara, touca, gases e um folder com informações sobre a importância da amamentação, como realizar a higienização do frasco e a extração do leite.
– A equipe apoia essa mulher que teve a sensibilidade de dividir um pouco desse alimento com outras crianças. Nossa intenção é facilitar a vida dessa mãe que está com um bebê em casa, mas quer doar leite. Por isso, montamos essa logística de buscar “o ouro” – acrescenta a gerente de nutrição, que é uma das fundadoras das Amigas do Leite.
O projeto Amigas do Leite foi criado em 2013. E elas não fazem apenas o recolhimento do leite. Segundo Patrícia, também visitam as enfermarias, onde dão palestras sobre a importância do aleitamento materno, da doação de leite e de dividir o aleitamento. Além disso, realizam reuniões nas unidades de saúde da região do Rocha Faria para falarem sobre amamentação.
Quem pode doar?
Para ser uma doadora é importante que a mãe seja saudável, não faça uso de medicamentos e tenha produção de leite excedente, ou seja, superior às exigências do seu filho. Existe uma listagem de exames fornecidos pela Anvisa que o hospital solicita para a doadora. O banco de leite do Rocha Faria já beneficiou mais de 7.800 crianças desde que foi criado, em 1996.
Vale ressaltar que após os bebês prematuros e/ou de baixo peso receberem alta o banco de leite do hospital não fornece mais o alimento.
Laboratório
O leite materno ganhou padrão de qualidade e vida longa. O Rocha Faria tem uma sala de processamento para testar a qualidade do leite doado e fazer a separação de acordo com a necessidade nutricional do prematuro.
Os técnicos avaliam, por exemplo, a acidez e a quantidade de calorias antes de direcionar para um bebê. Vale ressaltar que o leite pastoreado pode ser consumido em até seis meses.
– O leite doado pode ser utilizado por qualquer criança da UTI neonatal. Ele passa por um processo de pasteurização e é avaliado antes de ser consumido. Se aprovado, é distribuído de acordo com a necessidade de cada recém-nascido – explica Patrícia.
Banco de Leite Maria Leonor Inocêncio Soares/HMRF
Funcionamento: segunda a domingo, das 7h às 19h.
Mais informações pelo telefone 2088-4500 (ramal 5024).